Especialista alerta sobre os cuidados que devem ser tomados na volta às aulas

Estudos de universidades internacionais apresentam dados sobre o assunto, ainda são necessárias informações firmadas da transmissão da doença nas escolas em cenários brasileiros.

São Paulo, SP (outubro de 2020) – A volta às aulas tem sido uma questão polêmica, no entanto, é preciso abordar o assunto e os cuidados que devem ser tomados. O pediatra do Hospital da Luz, Luan César Coelho, alerta que os riscos de contaminação existem e que a pandemia apesar de apresentar índices de mortalidade em redução na maioria dos estados brasileiros ainda são necessárias muitas mudanças e adaptações para que a retomada das atividades escolares seja segura.

O especialista indica que antes de levar as crianças para a escola, discussões pedagógicas devem ser realizadas em conjunto com os responsáveis e a reestruturação escolar deverá ser fiscalizada de perto visando garantir as medidas de segurança adotadas. Ele alerta sobre a necessidade de ter medidas diferentes para cada faixa etária escola, por exemplo, pré-escolares não compreendem a necessidade de distanciamento e tem comportamentos/hábitos de difícil controle. Para crianças de outras faixas etárias escolares, o diálogo pode ser a solução. “É preciso conscientizá-los sobre as boas práticas como a importância de manter os cuidados como lavar as mãos com frequência, manter o distanciamento e usar/manusear a máscara de maneira adequada. Essas medidas são fundamentais não só para que o seu filho não seja contaminado como também para que ele não contamine o amigo. É uma via de mão dupla. Numa pandemia, temos que entender que o nosso comportamento deve ser pensado em conjunto”, complementa o médico.

O especialista reforça que ainda estamos descobrindo informações sobre a COVID-19 que podem mostrar como devemos agir e cita o artigo publicado em agosto na revista Pediatrics, da American Academy of Pediatrics (Academia Americana de Pediatria), que faz uma revisão bibliográfica de estudos científicos realizados em diferentes países a respeito do retorno às aulas. A partir disso, os médicos Benjamin Lee e William V. Raszka, da Universidade de Vermont (EUA), concluíram que as crianças não são transmissoras significativas da Covid-19 e que é possível reduzir drasticamente, com cuidados, a possibilidade de contágio no meio escolar. No Brasil devido questões culturais e limitações estruturais, principalmente na educação pública, são necessárias mais informações e padronizações a respeito da retomada.

O médico diz que muitos pais relatam que os filhos estão estressados com o isolamento social e que a volta às aulas é uma forma deles reverem os amigos, desenvolverem atividades e brincadeiras, o que é uma forma de reduzir os impactos na saúde mental infantil. Por outro lado, diz que há pais que preferem manter o distanciamento já que resistiram por tanto tempo. “Acredito que não há certo ou errado, o importante nesse momento é tomar a decisão que é mais segura e confortável para a família, mas reforço que manter os cuidados básicos é fundamental em qualquer uma das escolhas”.