Mesmo afetando a respiração, asma não é fator de risco para a COVID-19. Entenda

São Paulo, SP (julho de 2021) – Um grupo de pesquisadores da Unicamp avaliou a relação entre o diagnóstico prévio de asma e o desenvolvimento da COVID-19 em pacientes infectados, com base em dados de artigos científicos publicados durante os primeiros seis meses da pandemia. A revisão avaliou os quadros clínicos e antecedentes médicos de mais de 160 mil pacientes com COVID-19 e concluiu que somente 1,6% tinham diagnóstico prévio de asma. A pesquisa ilustra a realidade da experiência vivida no dia-a-dia pelo Dr. Márcio Luiz de Oliveira Lima, clínico médico do Hospital da Luz. “Na prática, vimos que apenas os asmáticos severos são os mais sujeitos a complicações. Dessa maneira, apenas em sua forma mais grave, a asma pode sim ser um fator de risco”, explica.

Por ser uma doença crônica, com forte componente inflamatório, a enfermidade pode aumentar a chance do desenvolvimento de pneumonias provocadas por vírus e bactérias, de forma mais grave. Diante desse quadro o que se pensou num primeiro momento é que asmáticos seriam mais vulneráveis à COVID-19. Porém, passado um ano e meio de pandemia, os dados analisados por pesquisadores derrubaram essa hipótese. A especialista indica, no entanto, que apesar de não se configurar como um fator de risco, os sintomas da asma podem ser confundidos com o da COVID- 19. “Como ambas enfermidades estão associadas a ataques ao sistema respiratório, os sintomas inicialmente podem ser parecidos sendo que apenas os exames laboratoriais podem descartar o Covid. Alguns dos sintomas mais comuns da asma são a tosse seca e recorrente e a dificuldade de respirar quando exposto a elementos externos como poeira, fumaça de cigarros e fenômenos como a polinização”, diz o clínico médico.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, estima-se que 20 milhões de brasileiros sejam portadores de asma. Embora os sintomas da asma, como a ” chiadeira” possa aparecer em qualquer idade, apenas após a 2a a 3a de idade, conseguimos definir o diagnóstico da doença. O exame diagnóstico mais comum é a espirometria (teste de soprar) porém há restrições da sua aplicação em algumas idades.

“A asma é uma doença inflamatória crônica, em sua grande maioria adquirida geneticamente. Quando um dos parceiros possui asma, a chance de o filho desenvolver é de 30 a 40%. Caso ambos tenham, esse número salta para 60%. Apesar de não ter cura, os medicamentos disponíveis hoje são extremamente eficazes, de fácil acesso”, pontua a médica, acrescentando que a asma também deve ser suspeitada em outras situações, tais como: pneumonia de repetição associada à sibilância e doença do refluxo gastroesofágico associado à sibilância, entre outras ocorrências.

O tratamento da enfermidade é feito principalmente com anti-inflamatórios, como corticóides. “O uso dos remédios em sua forma em spray (bombinhas) é bastante eficaz e causa poucos danos ao corpo. Há ainda tratamentos com “pó seco” e comprimidos mastigáveis”, explica Márcio Luiz. Segundo ele, em casos mais severos, também são usados broncodilatadores de longa duração associados ao corticóide inalatório. Além dos medicamentos, outras práticas podem ajudar no controle das crises. “O asmático deve levar uma vida bem próxima do normal. “Com o acompanhamento médico regular e estando o paciente estabilizado, serão ”poucas as restrições”, explica o especialista. Dessa forma, hábitos saudáveis como a prática de atividades físicas contribuem muito para a estabilização dos quadros. Outra recomendação é que o portador da doença evite se expor a ambientes que possam desencadear crises e sempre mantenha a casa limpa e livre de poeiras, fungos e ácaros”, explica o médico.